19 abril 2006

SOMOS UM PAÍS DE CÍNICOS?



Meus caros, onde é que esse país vai parar?

Com ladrões por todos os cantos, e principalmente, de terno e gravata, ocupando cargos importantes, dominando as negociatas. Um lugar onde os bancos têm lucros de 500 milhões, e os aposentados são obrigados a viver com trezentos e cinquenta reais. Onde matar o pai e a mãe passou a ser uma prática natural, e a Justiça deixa solta uma assassina com cara de anjo. Os nossos pseudo-representantes são os primeiros a meter a mão no dinheiro público: aquele, que vai fazer falta na hora em que você precisa de uma escola para o seu filho, hospital para a doença em família, estradas em boas condições na hora de viajar, e enfim... o dinheiro dos nossos impostos vai para o bolso desses corruptos. E na hora em que são pegos com a boca na botija? Eles negam até gravação em vídeo. Recorrem ao Supremo Tribunal para calar sua confissão e não estão nem aí para nossa indignação. Seria este um país de cínicos? Comente.

Um pouco de chuva e poesia combinam

chuva
hoje chove muito, muito,e parece que estão lavando o mundo
.meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor/
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele e faz amor com ele/
e parece sua sombra/
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher/
entra em casa pela janela e não pela porta/
por uma porta se entra em muitos lugares/
no trabalho, no quartel, no cárcere,em todos os edifícios do mundo/
mas não no mundo/nem numa mulher/nem na alma/quer dizer/
nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos assim/como hoje/que chove muito/
e me custa escrever a palavra amor/
porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa/
e somente a alma sabe onde os dois se encontram/e quando/e como/
mas o que pode a alma explicar?/por isso meu vizinho tem tormentas na boca/
palavras que naufragam/palavras que não sabem que há sol porque nascem e morrem na mesma noite em que amou/
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá/
como o silêncio que há entre duas rosas/ou como eu/
que escrevo palavras para voltar ao meu vizinho que contempla a chuva/
à chuva/
ao meu coração desterrado/


sem palavras... pra dizer o que sinto ao ler esta poesia...