Mobilizar a sociedade para reclamar seus direitos deveria ser o papel dos jornais comunitários. Jornais que, hoje, em sua maioria, são gratuitos e contam apenas com os recursos de poucos anunciantes.
Ficam de fora os tablóides patrocinados pelas maiores empresas de comunicação do país e que pouco lançam seus olhares para a realidade da periferia: pobreza, falta de moradia, falta de transporte, violência nas escolas, mau atendimento na saúde, etc etc.
Basta dar uma espiada em suas páginas para perceber o não-aprofundamento das principais notícias da comunidade. Que interessa ao pobre da periferia saber a quantas anda o sobe-e-desce da Bolsa?
A história de "Milk, a Voz da Igualdade", filme que conta como Harvey Milk (em uma bela atuação de Sean Penn), nos anos 70, conseguiu ser o primeiro homossexual a ocupar um cargo público na cidade de São Francisco, traz exemplos de como a mobilização pode ser determinante para a vitória da liberdade de qualquer povo.
Milk contou com a imprensa para chamar à ação aqueles que viram em Anita Bryan uma ameaça à liberdade de expressão, ou mesmo, ao direito de uma opção sexual que não invalidaria a competência de qualquer postulante a um cargo eletivo.
Precisaríamos de muitos "Milks" para mobilizar o povo brasileiro a lutar por tantas causas, a começar por combater a corrupção que grassa nos gabinetes políticos com a conivência de juízes e a chancela de autoridades até então consideradas incorruptíveis.
De crianças a idosos, todos tem motivos para se mobilizar. As crianças sendo mal tratadas e abusadas dentro de suas casas pelas pessoas mais queridas. Os jovens sem emprego, perambulando pelas ruas e se envolvendo cada vez mais nas drogas e na violência. Os adultos desempregados, lutando para sobreviver com subempregos, ganhando a vida como camelôs pois não encontram dignidade na oferta de empregos. Os velhos é que vão sustentando a família com o pouco que ganham de aposentadoria.
Em suma, este é o país da mobilização. Ou tiramos as bundas das cadeiras para fazer parte da multidão ou estaremos entregues às moscas. E não basta aparecer apenas por um dia na TV ou nos jornais, é preciso dar as mãos, fazer parte dos movimentos populares, reclamar de nossos representantes a mudança prometida nos palcos das campanhas.
Portanto, aos jornais comunitários basta aprofundar essas questões que colocam toda a sociedade em cheque, e cumprir o seu verdadeiro papel que é comunicar a ação, convocar as massas, informar com responsabilidade e mobilizar-se em prol daqueles que gritam todos os dias nas ruas mas não são ouvidos: os brasileiros da periferia.
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